quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Presentes

Presentes chegando de todos os amigos, antes mesmo do dia 10, leitores do blog, e-mails, flores.
Queria agradecer aqui, e também revelar que eu adoro falar essa palavra...
Tão pequena, tão fácil pronúncia... Tão rejeitada por tantos e tão amada por outros:
- Obrigada!

Dividindo um pouco com vocês desses presentes:

Olhar

Meus olhos engolem
um mundo que me escapa
quando abro a boca.

Minha mão retém
no papel, pele de signos,
o sinal da vida.

A fruta que colho
dessa árvore mutante
é pura semente.

Semeio. Aguardo
as flores multiplicadas
num simples sorriso.

Criou. Sou criança
outra vez. E desafio
meu olhar a olhar.

Angela Leite de Souza

Bel,
flores pra você que, constantemente
faz do olhar guia mestre e poliniza sentimentos.
Aproveite com exuberante alegria seus 40 anos.
Com carinho,
Heloisa

Há um jarro de lírios brancos na minha frente...

Ilhada

Há 03 dias dos meus 40 me sinto ilhada. Ilhada em mim mesma.
É como se eu não pudesse sair. Estou num pedaço de terra com águas por todos os lados.
A água, singular de sentimentos, é a forma de expressar emoção, vontades, amor.

Quero pular nesse mar, mas não me deixam. Nadar até terra firme, mas não é o momento. Quem sabe daqui 3 dias? Quem sabe um dia?

No meio do barroco brasileiro: esta ilha é de montanhas. Para consagrar essa posição: um arquipélago me espera. Passarei meus 40 literalmente ilhada. Ir além do meu limite, na ilimitada verdade, único lugar seguro onde você refaz destroços, junta pedaços e se revê.
Sexta-feira pego meu vôo à noite para São Paulo. Sábado de manhã, estrada, e um barco me espera em Ubatuba.

Nessa avalanche de emoções Ouro Preto não consegue me segurar. Ao contrário, me expulsa, me joga para fora e me pede tempo, doçura.

A cidade quer criar, ficar só, lamentar, pensar, mas sem a minha figura por perto... Eu deixo, mas não me calo. Falo tudo, jogo um turbilhão de palavras em cima de um raio de 2 quilômetros. Raio! Raios! Não me acostumo com ele.

A cidade me inspira, me aspira e me joga no mar agitado, no meio do Oceano Atlântico. Eu nado, nado, nado... E hoje, ainda, não chego em lugar algum. Mas daqui 3 dias, tudo pode mudar, pois na ilha, na ilha dos meus desejos, às 7:30 da manhã do dia 10 de outubro, renasço e nado feito um pintado em busca de água doce.

Água doce para matar a sede. Me refaço e retorno para me entregar para as montanhas.