segunda-feira, 28 de março de 2011

Aprendendo a ler

Fico vendo Sofia lendo suas primeiras palavras. Eu tinha me esquecido que fascínio isso é, isso dá na pessoa... Na mãe e no filho. Na minha e na dela. Em seguida soletra outra e mais outra. Fico me perguntando por que as primeiras palavras, são: C-O-C-O, X-I-X-I? Por que Sofia quer fazer graça?

- Mãe, vou fazer X -I -X-I!

Morro de rir, afinal é engraçado, pois ela é engraçada por natureza também. Mas o melhor, são os questionamentos dos primeiros raciocínios fonais: P + A é PA, P + E é PE.

- PE de PÉ, mãe?

E assim, todos os dias são uma surpresa, cada dia uma consoante e uma vogal se juntam e palavras são formadas. Eu viajo, beijo, admiro, digo que amo.

Ser mãe aos 40 nos torna mais dóceis, mais frágeis as consoantes, mais livres das vogais. Soletramos qualquer palavra sem medo, deixamos ser pintadas com canetinha, tatuada com bic. Ela escreve nos meus pés: PÉ, na minha mão: SOFIA e eu deixo, mesmo sabendo que no banho, por mais que eu passe a bucha não vai sair a canetinha. Que chegarei à reunião no escritório de mãos pintadas, mas orgulhosa pois minha filha está lendo, escrevendo e essa sensação maravilhosa eu já tinha me esquecido pois João está com quase 18 anos.

A cada dia gosto mais da minha coragem de ter tido um segundo filho depois de 11 anos do primeiro, pois Sofia, além de ler aos 5 anos, acorda cantando um inglês inventado, dorme cantando em italiano também inventado, francês reinventado e assim, deixa a minha criatividade no chinelo. É ótimo saber que minha filha é melhor do que eu. Ter essa certeza me faz mais viva, é quando olho pra trás e vejo que deu certo, que tudo valeu a pena. Na realidade, me devolve letras com sorrisos e, me ensina, aos 40, a ler de novo, com muito mais gosto e sentidos.