domingo, 9 de outubro de 2011

14

Amanha, dia 10, completo 41. Por um lado me sinto com 14, por outro 82.

O que me intriga é que, fazendo uma pequena pesquisa em meus arquivos pessoais, percebo que o dia 14 vem me acompanhando há meses. Desde 14 de junho. O mesmo número, na sua inversão, dá-se 41. Exatamente a minha idade de amanhã.

Foram 4 longos meses que aprendi e desamprendi. Entendi tudo e não entendi nada. Mas uma única coisa ficou: uma vontade de que, de repente, 14 de outubro vire um outro aniversário. O de amanhã não tem proporção perto desse do dia 14, inventado por mim e meus sonhos, dia 14 seria o dia mais importante de 2011 se ele viesse com uma referencia maior. Maior que o dia 14 será apenas meu próximo aniversário, de 42, do ano seguinte ou talvez o aniversario de meus filhos, dos dias 24 e 9, que somados dão 33.

Dia 14 poderia ou poderá, pois tudo muda, todos os dias, um novo 14, 41 vezes mais significativo, um novo dia e poderíamos começar de novo. A mesma história contada diferente, com outro roteiro, outro formato. Digital? Poderíamos nos reinventar, inúmeras vezes: 14, mais os meus 41, mais as suas primaveras e as de nossos filhos. Isso já dá, aproximadamente, 112 reinvenções, 112 chances de errar!

As palavras e os números, em pleno carnaval do meu inferno astral, me vêm e eu deixo.

seguir as regras do improviso.
evitar as metáforas.
o abc imaginário.
amar em ouro preto.
e a sucessão de fatos
a sucessão de fatos
faz-me respirar as estranhezas
nos olhos.
um vazio separa um reconhecimento.
o amor tem aqui a sua pequena reserva.
a última palavra.
e é abstrato.
platônico?
e existe um protesto.
é amar em ouro preto
com os meus finais tão não-óbvios.
e uma pequena alteração
é frequentada por uma
grande alteração.
e o que existe? o que sucedeu ao morador
na minha criatividade?
como sobrevive um amor não criativo?
eu, bem eu, deixei
deixei não ser
vem uma tempestade de areia
também segue as regras
do seu improviso.
a cómoda situação do resto do mundo
é assinalada
pela cor azul, hoje domingo, eclecticamente misturada
como o romance entre dois números 1 e 4,
que, juntos, dão 14
separados não fazem sentido
ao contrário 41
não é possível.
como é possível?
há um pouco de morte aqui
ou então um pouco de felicidade,
felicidade
coincidências
que só torna mais presente
o seu inverso.
ouro preto é um vírus.
o seu autodesconhecimento
é a minha arte.
o meu desprezo pela
utilidade prévia de todas as coisas.
e sigo as regras do seu improviso.
evito as metáforas.
o abc imaginário.
sei amar em ouro preto.
te provo
conheço qualquer lugar.