domingo, 13 de junho de 2010

Por Paulo Cezar Santos Ventura

Continuo então, Bel. Farei depoimentos pílulas sobre meus 40 anos.
Estive em Ouro Preto no sábado, dia 12, com minha mulher, meu filho mais novo e um novo amigo, um antropólogo da Universidade de Pádua, Itália, que fala demais (qual italiano não fala demais) e adorou a cidade. O interessante foi a comunicação entre nós: trilíngue - italiano, francês e espanhol. Não é esnobismo, não. É que o cara se confundia e às vezes saltava de uma língua para outra. Eu me divertia com suas confusões e também com seu bom humor. Se eu tivesse um contato teu em OP, teria te ligado para dizer "oi, estou na tua terra".
Voltando no tempo alguns anos, teve um evento que contribuiu bastante para a boa entrada naqueles anos "enta". Eu tinha saído de um casamento "aburrido" (adoro essa palavra em espanhol) uns anos antes e entrado em um outro que mudou minha vida. Costumo falar aos amigos, que a mudança foi tão boa que eu emagreci, parei de beber (não bebia tanto, mas diminuir mais ainda foi ótimo) e nasceu cabelo em minha cabeça. Isso mesmo, o novo casamento, ou a mudança radical que fiz em minha vida, contribuiu para a redução definitiva de minha calvície. Podes ver na minha foto que, apesar de não ter mais a minha cabeleira dos 40 anos (eu fazia trança naquela época), não fiquei careca como os homens de minha família. O pior do processo foi me separar dos 2 filhos que já tinha, mas acho que não deixei isso arruinar minha vida. Não quero dizer com isso que precisamos fazer mudanças radicais quando se chega aos 40 anos, mas no meu caso foi fundamental, aquele tipo antes tarde do que nunca. Dois presentes inconvenientes eu ganhei com a idade: usar óculos para leitura e parar de jogar futebol (aos 45) por causa de lesão. O fanático pela redondinha aqui sentiu isso como uma grande perda, eu que não vou a campo assistir, torço para o galo só como figuração, porque nunca sei a quantas anda o time e não gosto de aglomerações. No entanto, se vejo dois meninos batendo uma bolinha dá até comichão nos pés. Adoro ver uma bonita jogada, não importa de qual time. Voltando a falar de Ouro Preto, eu adoro esta cidade. Nos anos 80 eu trabalhava em Viçosa e vinha nos fins de semana para BH. Nos dois trajetos, ida e vinda, eu parava para tomar um café bem na praça Tiradentes. E já dormi no cemitério aí atrás da igreja Nossa Senhora do Carmo, atrás também de onde é hoje o Museu do Oratório (já o visitei 4 vezes e cada vez descubro algo novo). Na segunda noite (era festival de inverno e a cidade estava lotada) conheci um pintor e ele me ofereceu um sofá na sua sala. Isso foi muito antes dos 40, claro. Hoje a cidade está melhor, eu acho. Outra mudança importante aos 40: a tomada de consciência de sua existência, de suas possibilidades e limitações, a intimidade com seu próprio corpo que o conduz a fazer coisas do tipo: dançar, falar em público, abraçar e beijar os amigos sem te preocupar com o que estão pensando de ti, etc. Mas conto isso mais tarde.
Um beijo.


Paulo Cezar Ventura é físico de formação, professor de profissão, pesquisador em Comunicação Científica e Tecnológica, peladeiro aposentado, escritor de aforismos, aprendiz de poeta, novalimense de coração, belorizontino por opção profissional, casado e enamorado, amante das boas coisas da vida, gastrônomo de fim de semana.