sábado, 30 de julho de 2011

Mudança

É difícil saber por onde começar quando se trata de mudança. Como todo mundo já sabe, arrumar as malas comigo é um filme de terror. Mudar de casa um estrondo. Qualquer mudança é sempre chata e repentina.

Uma noite, um dia, 12 horas, tudo pode mudar num piscar de olhos. Num encontro. Numa virada. Numa sentada de mesa. Numa viagem.

Eu queria ter explicação para isso. Eu queria poder ter uma palavra-chave. E a palavra deve ser resgate.

Quando você se dá a chance de um resgate próprio e tenta começar a dar respostas as suas perguntas diárias. Sem depender do outro. Hoje, melhor dia impossível: 30 de julho. Vem à tona todas suas decisões importantes. Hoje, a melhor lua nova do ano, te dá de presente a chance do novo. Para onde você quer ir? Com quem? Como? Porquê? Mil perguntas vem e voltam e destoam. Fazem e desfazem da sua sutileza.

O telefone toca, caixa de e-mail cheia, mensagens... Meu Deus, o que está acontecendo? Eu me pergunto latente. Isso é um jogo mesmo?

Como seria pôr sua vida em quatro malas grandes, largar seu emprego, vender tudo o que puder vender, fechar a porta de seu apartamento, dizer 'até mais' e pegar um avião rumo ao desconhecido? Claro que esse desconhecido é estranho até um certo limite, pois a gente sempre sabe um pouco sobre o lugar que vamos iniciar vida nova.

Eu me sinto, assim, num outro sentido. É como se eu estivesse já na sala de embarque. Eufórica esperando chamarem por meu nome pois eu poderia estar atrasada para o voo, como sei que estava. Saiu correndo e não perco o avião. Nunca.

Nessa viagem sinto que tudo melhora quando a gente entende que nossas 'cidades' nunca poderão ser vistas de um modo objetivo, concreto, e nosso entendimento sobre elas tem a ver com nossos sentimentos no momento da experiência, com nossas escolhas pessoais e, principalmente, com tudo aquilo que trouxemos na bagagem.

Mesmo a 10 graus, o dia parece mais quente.

Mas e aí, pronta Lola? Não, não, senão, para mim, não existe amanhã. Nômade.


"Por que escrevo então? Porque, pregador que eu sou da renúncia, não aprendi ainda a executá-la plenamente. Não aprendi a abdicar da tendência para o verso e a prosa. Tenho de escrever como cumprindo um castigo. E o maior castigo é o de saber que o que escrevo resulta inteiramente fútil, falhado e incerto".