domingo, 19 de setembro de 2010

Tornados

O tempo mudou. Garoa, chove um pouquinho, pára. Um ventinho entra pelas frestas da janela... De um dia para outro o tempo mudou. Nublou. Como um clic.
Ou será que o tempo parou? O tempo parou dentro de mim...
Aquele ventinho da janela entra e passa pelo meu peito. Há um suspiro, um gelo, uma sensação diferente. Uma lembrança me vem à cabeça, meu coração bateu forte essa manhã.
Um gosto de amor aparece na minha boca, nas minhas mãos... Aquela tempestade boa dentro de mim. Mas hoje a tempestade extrapolou, trovejou, armou um tornado. Tornados fazem migalhas.

Eu me pergunto inexplicavelmente: - O que é isso? O que farei? O que faremos?

Um tornado de sentidos encurtou a distância entre nós.
Olho para o telefone, peço para tocar, saudades, saudades de algumas horas? Saudades? Amor? Me pergunto de novo: - O que é isso? Como chama? Algum médico cura tornados?

É como se a verdade tivesse se perdido entre nós. A verdade não existe mais. Hoje só existe uma verdade: o tempo não existe hoje. Pode existir amanha, depois, daqui 10 dias. Mas hoje o tempo realmente parou.

Aquela sensação do vento entrando pela fresta da janela me habita. Como se tivesse levado um susto.

Uma sensação boa tomou conta de mim, hoje, há 20 dias dos meus 40.

O inesperado, o tornado, um frio no coração, uma cócega, um grude, um mel, outros sentidos, um novo sabor. Nessa mistura nasce uma fogueira dentro de mim. Pego fogo. Penso: - Não vai embora, volta, pois a nossa única certeza é não sabermos se tornados voltarão amanhã.