terça-feira, 6 de julho de 2010

Reinventar-se

Reinventar-se seria começar do zero?

Seria o princípio do nada, do incondicional, tantos aos 20, quanto aos 40, quanto aos 60 anos.
Uma suposição? Não, novos conceitos mesmo e, eles tomam conta de você. Aquilo que não existia começa a existir, o que era preto fica branco, o impossível, possível. Reiventar-se significa o desafio de mudar todo o seu jeito de ser, ter, querer, dar, amar...

Longe de Sartre que disse que o homem devia reinventar-se todos os dias, para mim, na íntegra, é querer a mudança mais profunda, mais radical. Transformar obstáculos em aliados, mudar a lente dos óculos e caminhar do outro lado da calçada. Seria encontrar a coragem ainda em gestação e adotá-la como filha.

Largar tudo? Talvez sim, talvez nem precise de tanto, mas se deixar levar por uma outra onda. E isso, definitivamente, não é para qualquer um. É tentar se consertar, mas antes disso, entender estes desconfortos é coisa pra mestre. Aceitá-los, golpe de mestre.

Olhar em volta e ver que tudo poderia ser diferente e querer essa metamorfose para você, já é, no mínimo, heróico.

Seu eu pudesse reinventar minha própria história, hoje, eu a reiventaria. E reinventá-la seria, na realidade, a tentativa de reinventar também a história de outras pessoas que passaram por ela. Tudo tão longe do possível, pois reiventar-se é um ato subjetivo, próprio. Ninguém reinventa ninguém.

E dentro dessa analogia, vendo apenas uma única saída, é continuar se investigando para se deixar seduzir por essa doce vontade de virar frágil. E deixar ser investigada também.

"Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada."
Cecília Meireles

3 comentários:

  1. E como dizia Sartre em uma passagem de "A Idade da Razão": Bel "tem um mal gosto, melhor que o melhor gosto"

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  2. Tarefa principal da vida é reinventar-se
    Autodesconstruir-se e reconstruir-se
    Cada coisa com sua própria dor
    E as alegrias próprias da redescoberta
    De vez em quando solto meus cães
    Mas sou cachorro pequeno dos arranjos
    Do refazer as linhas tortas
    Minha boca nunca está fechada
    Se não falo, sorrio, forma de calar
    Nunca quis empunhar bandeiras.

    A vida faz mágica em minha direção
    Quem sabe liberto face escondida
    E descubro impulsos demoníacos
    Que nunca sonhei guardar em mim
    Preciso sem dúvida dar uma virada
    Viver novas fases da vida
    Sempre estamos em uma encruzilhada
    Reinventar redescobrir rumo certo rota certa
    Qual o rumo, grande navegador?
    Em lagoa com piranha cachorro fica à margem.


    Bel, estas são duas pequenas partes de um livro de poemas que escrevo e reescrevo, até agora intitulado "Piscinas Poéticas". Te enviarei por e-mail um exemplar, para que leias e critiques à vontade.
    Um abraço (não precisamos reinventar o abraço, nem a vontade de abraçar).

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  3. É hoje, Bel, que iríamos nos conhecer ao vivo e a cores. Mas o acaso me levou a outra parte. Uma filha moradora em São Paulo precisou de minha presença. Filhos, você sabe, "melhor não tê-los, mas se não os temos, como sabê-lo" (Drumond). O acaso nos trará outra oportunidade, breve espero. Boa sorte no evento.

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