terça-feira, 8 de junho de 2010

Família

Família é sempre uma loucura. Aos 10, 20, 30, 40 anos... Não tem idade. Você fala pé, eles entendem chulé. Pura crise: existem as boas, ruins, médias, estamos sempre em crises existenciais com família. É uma loucura! Quantas vezes você ouviu sua mãe ou aquele irmão querido fazer uma queixa, uma desfeita e seu dia ficou frouxo, irresoluto?

A base do triângulo humano se equaliza em família? No sangue do seu sangue? Para sempre? Até a morte? Meu Deus, me acode! Coitados dos meus filhos, torço para eles não sejam assim. Torço para que eles ouçam meus desatinos como são mesmo, discursos tolos. Que não dêem importância, para que a culpa passe longe da cabeça, dos ombros deles. E sejam felizes sem carregar os meus encargos.

Rezo para que a contemporaneidade leve embora esses velhos conceitos.

Juízos inconscientes, que dão verdadeiros nós nas nossas cabeças. Assim, a cada ano que passássemos, mais leves ficaríamos, chegando na velhice feito plumas.

Consciência limpa que fizemos o possível.

Mas será que não? Que não conseguimos essa virtude? Que Elis estava certa quando cantou:

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo,
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais...

Seguramente estava.

Mas isso não quer dizer que, dentro deste círculo visceral, não podemos escapulir daquilo que nos desabona e abraçar, apenas, o que nos faz bem. O que nos faz família.

6 comentários:

  1. A coisa não funciona assim, Bel... A perfeição não existe. Você repete, sim, a família na qual foi criada - repete os erros e os acertos. Não todos, pois, como bons humanos, damos vida a novos erros, e também a acertos, claro. Família vai ser sempre isso, essa mistura de neurose e amor, essa mescla contraditória de desejar estar longe e, ao mesmo tempo, sentir uma grande falta. A questão, quando chegamos à vida adulta, é saber filtrar as coisas e se deixar contaminar apenas pelas boas (ou melhor, por aquelas que nós, sob o nosso restritivo ponto de vista, consideramos boas). Quanto aos nossos filhos, eles seguirão repetindo erros e acertos, errando ao tentar acertar - e acertando, muitas vezes, sem querer. Beijo!

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  2. Olá Bel, cheguei a seu blog através do twitter de uma amiga, gostei da questão colocada, e a internet nos permite meter a colher de pau onde não somos chamados (e conheço algumas pessoas da Funarte). Já passei dos 40, bastante aliás, e hoje é um dia atípico na minha vida. Bati o carro no anel rodoviário em Belo Horizonte, vim correndo para o CEFETMG, onde trabalho, dei aula (sou físico), assisti uma conferência sobre cultura negra que me deixou emocionado, tenho que fazer ocorrência policial do acidente, e estarei coordenando uma mesa de comunicações em um evento à tarde toda. Hoje é aniversário de meu casamento e só verei minha mulher 23 horas, morrendo de cansaço (os dois).Tenho 8 irmãos, pai e mãe vivos, uma sogra a quem chamo de jararaca porque morde e sai assobiando, 4 filhos, 2 moças e 2 rapazes e por incrível que pareça, os rapazes são complicados, e a gente pergunta, merda, que raios de pai eu tenho sido? E por aí vai. Mas te digo, Bel, como foi bom fazer 40 anos! Meus melhores dias aconteceram depois dos 40. Exatamente porque decidi ser feliz o máximo de tempo que eu puder, ser bem humorado sempre, e admitir que alguns problemas eu não dou conta de solucionar, então solucionados estão, e o mau humor alheio não me aborrece nunca. Então, prazer em te conhecer virtualmente e um sorriso. www.twitter.com/pcsventura.

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  3. Paulo, espero teu depoimento na íntegra para publicar no blog, topa?? Um sorriso para vc tb, estou te adicionando no twitter. Bjs

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  4. Desculpe, não é Funarte. É FAOP.

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  5. Não sei se podemos escapar desse círculo visceral, Bel, mas podemos querer isso e querer já é começar a caminhar em direção a qualquer coisa ou qualquer lugar...

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  6. Eu sou muito apegada à minha família. Há desentendimentos, como em todas, mas não vivo sem eles.

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